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sábado, 26 de janeiro de 2013

Gabriel, O Pensador, 20 anos depois

Rapper carioca volta à música com o disco Sem crise, passadas exatas duas décadas da sua estreia, aos 18 anos Desde 2006 ele estava mais dedicado à literatura


RIO - Há exatos 20 anos, Gabriel Contino era um universitário de 18 que havia provocado um inesperado burburinho com o rap Tô feliz (matei o presidente), feito para o então recém-defenestrado Fernando Collor. Pouco tempo depois, teria que trancar o curso de Comunicação para gravar Gabriel O Pensador, seu primeiro álbum, para a Sony Music. Hoje, reconhecido como o artista que provou a viabilidade comercial do hip-hop no Brasil (com aquele disco, que estourou também Lôrabúrra, 175 nada especial e Retrato de um playboy), Gabriel está de volta às raízes. Pai de dois filhos, prepara-se para cair de cabeça na turnê do CD Sem crise, seu primeiro em sete anos, lançado no fim de 2012, de forma independente. Um trabalho que ele simplesmente não conseguia terminar.

Envolvido com palestras (por conta do livro infantil Um garoto chamado Rorbeto, que lhe valeu o prêmio Jabuti em 2006) e o projeto social Pensador Futebol (que encaminha jovens carentes para divisões de base dos times), Gabriel foi deixando em segundo plano os shows e o disco que começara a gravar em 2009. O destino agiu então na forma de polêmica, há um ano, quando o escritor Fabrício Carpinejar contestou o cachê de R$ 170 mil que o rapper receberia para participar (com distribuição de dois mil livros e um show) da Feira do Livro de Bento Gonçalves (RS). Gabriel reagiu devolvendo o dinheiro e fazendo uma música sobre o incidente, Linhas tortas, em que passa sua vida a limpo, lembrando a tia-avó que lhe deu uma máquina de escrever e o pai, que reprovava sua opção pelo rap.

(A polêmica) foi uma coisa que me fez mal, compus essa música como desabafo diz o rapper, que lançou a faixa logo depois, com êxito, na internet. Eu me distraí com outras coisas, que me consumiam muito tempo e energia. Essa reverência à minha profissão de artista, de compositor e poeta, isso me fez bem. Ao mesmo tempo em que eu falava aquilo, eu escutava.

Pouco tempo depois, ele voltou de uma viagem de férias à Indonésia com a ideia para uma nova música, em que refletia sobre o que andava fazendo do seu tempo. Para dividir No ritmo, no tempo, ele chamou a ConeCrewDiretoria, grupo de rappers da nova geração, fãs de Gabriel desde crianças e (para sua surpresa) ídolos dos seus filhos, Tom (de 10 anos) e Davi (de 7).

Eu sabia que a Cone estava bem, mas não sabia que eles eram uma febre entre as crianças conta Gabriel. Eu não punha nenhum CD meu, nem qualquer CD de rap para os meus filhos escutarem, e quando vi, eles estavam fazendo rimas motivados pela Cone. Davi, que é o mais desinibido, já subiu até ao palco para fazer dueto comigo.

Na turnê, batalhas de rimas

Diante do surto de composição (e da súbita consciência do seu papel no rap brasileiro), Gabriel viu que tinha que acabar o disco, o que fez, enfim, com a ajuda do produtor Fernando Deeplick. E resolveu que levaria para a estrada, além do show, o projeto Rimadores Anônimos, de batalhas de rap entre novos talentos, que ele apresenta junto com o rapper Beleza. É onde ele encontra aquele Gabriel Contino de 18 anos.

Lembro bem da dificuldade que era achar quem fizesse rap. No Rio, era uma meia dúzia. Em São Paulo, Racionais e Thaíde já tinham lançado discos, e eu fui lá conhecer os caras recorda-se. De repente, fiz sucesso. Antes dos outros aqui do Rio e mais do que os de São Paulo. Um sucesso numa outra esfera. Mas era uma coisa que eu queria mesmo. Minha proposta foi levar o rap para um público mais eclético.

Agora que, por conta própria, Tom está descobrindo o disco Gabriel O Pensador e perguntando ao pai o que é ditadura (mencionada na música Abalando) e por que ele vai ter que servir o Exército (tema de Indecência militar), o rapper diz ter um grande apreço por esse seu trabalho de juventude. E diz que mudaria pouca coisa.

Lôrabúrra tem umas frases machistas, mas elas cabiam ali, para dar contundência analisa. Tipo aquelas coisas do só vou te usar, que hoje eu não colocaria daquela forma.

Fonte: oglobo.com

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